Famíllia
FAMÍLIA! NINHO QUERIDO
Cochilava à sombra da mangueira, no quintal de sua casa, aproveitando a brisa vesperal ao som de músicas orquestradas, quando um casal de passarinhos atraiu a sua curiosidade pelos gorjeios de namorados. Estavam sossegados num ramo da árvore frondosa. Todos os dias ele ia espichar-se na rede armada entre dois galhos, esperando o desfecho deste achado ímpar.
O casal de aves não estranhou a presença do intruso que permanecia inerte apreciando a obra prima da natureza. Um belo dia os dois passarinhos começaram a juntar gravetos e entrelaçando-os armaram o próprio ninho. A fêmea depositou três ovinhos e alternando-se com o macho, cumpria a obrigação de chocá-los.
Passado algum tempo as cascas dos ovinhos apareceram quebradas no chão e no ninho três depenados estavam a pipiar. Os pais alternavam-se na procura dos insetos que depositavam nos biquinhos dos pequenos.
Como crescem as pessoas que ainda sabem admirar a natureza!
Os dias iam passando, os filhotes cobriram-se de plumas. Com as penas ensaiavam bater asas, em fim os primeiros voos acompanhando os pais. Tentavam caçar os primeiros insetos, cada dia descobrindo novidades. Assim saíram para não mais regressarem ao ninho paterno. É que já se sentiam seguros e cada qual procurou seu companheiro e sua companheira então juntos construíram o próprio ninho recomeçando o novo ciclo da reprodução da espécie.
Fechando os olhos ele revê aquele lar paterno onde foi cuidado pelo pai e pela mãe. Também nasceu fraquinho, cresceu, estudou, se formou e um dia criou asas e voou. Em todo esse tempo quantos contratempos e quantas lágrimas; mas também quantas alegrias com aquelas gostosas festinhas de família que não sai de sua mente. Neste vôo sem retorno ele procurou a outra sua cara metade e juntos viveram a aventura de construírem seu novo lar, realizando-se em família.
Com esta reflexão ele adormeceu e sonhou que a sua família era o ninho mais feliz do mundo e nesta alegria infinda acordou. Olhando aquele mesmo galho viu o casal de passarinhos que estava novamente namorando, pronto para alegrar aquele que sabe respeitar a natureza, pois toda família é um ninho querido.
Angelo Bruno
Membro da ACALANTO-Academia de Letras
de Araguaína e Norte Tocantinense- cad. Nº 03